Os hospitais veem-se na necessidade de aplicar medidas de prevenção e controlo da infeção, que constituem partes individuais de um conceito geral de prevenção da disseminação de agentes patogénicos altamente infecciosos e resistentes nos hospitais. No entanto, estes conceitos ignoram frequentemente um aspeto importante: a arquitetura da própria unidade hospitalar.
Wolfgang Sunder, do Instituto de Edifícios Industriais e Design de Construção da Universidade de Braunschweig, na Alemanha, falou ao portal medica-tradefair.com sobre o impacto da arquitetura na disseminação dos agentes patogénicos. Sunder é o responsável pelo projeto KARMIN, que integra o consórcio de investigação “InfectControl 2020”, dedicado ao estudo das opções para quebrar a cadeia da infeção. Para este projeto, foram definidos dois objetivos: desenvolver um protótipo de quarto de hospital com duas camas e casa de banho, concebido especificamente para a prevenção de infeções, e examinar um microbioma hospitalar. A recolonização de agentes patogénicos no hospital é analisada do ponto de vista da arquitetura. A título de exemplo, comparam-se quartos de uma cama a quartos de duas camas.
A necessidade de usar esta abordagem deriva, segundo Sunder, do aumento de organismos multirresistentes, para os quais é necessário criar novas medidas de prevenção. Na Europa vem-se apelando cada vez mais ao uso de compartimentos de uma cama, mesmo nas enfermarias.
O que está em causa?
A nível estrutural, é necessário ter em conta o tamanho mais adequado para o quarto, a necessidade de equipamento e ventilação específicos, os materiais a usar ou a forma de limpeza e desinfeção das superfícies.
Sunder exemplifica algumas medidas já postas em prática, como quartos de isolamento para doentes com patologias altamente infecciosas, câmaras de vácuo ou materiais de superfícies específicos. No entanto, estes são aspetos individuais e, para Sunder, falta uma abordagem global. O investigador entende que arquitetos, higienistas, médicos e microbiologistas devem trabalhar em conjunto.
No hospital-modelo que está a ser concebido ao abrigo do projeto KARMIN, com quartos de duas camas, vai analisar-se, por exemplo, o posicionamento mais adequado dos dispensadores de desinfetante e o modo de construção das casas de banho. No final, o projeto terá de revelar o que realmente funciona no controlo de pontos críticos de infeção.
Apesar de o modelo ser independente de qualquer hospital em particular, os investigadores colocam a possibilidade de vir a ser aplicado a realidades existentes.