A Comissão Europeia divulgou recentemente o relatório “State of Health in the EU”, que diagnostica o estado da saúde dos 28 Estados-Membros.
O perfil de Portugal demonstra, entre outros dados, uma desigualdade na distribuição dos recursos dos cuidados de saúde. O relatório aponta como principais obstáculos ao acesso aos cuidados de saúde os tempos de espera e a distribuição geográfica desigual dos cuidados. Nos cuidados de saúde primários, as instalações estão essencialmente concentradas na região Centro (26 por cento), Lisboa e Vale do Tejo (25 por cento) e Norte (24 por cento). O Alentejo tem 13 por cento das instalações, o Algarve 5 por cento, os Açores 4 por cento e a Madeira 3 por cento. Apesar destes dados, em 2015 apenas 0,1 por cento dos elementos mais pobres da população declararam ter necessidades médicas não satisfeitas relativamente a exames médicos por causa da distância.
A resiliência é outro dos problemas do sistema de saúde português identificados pelo relatório, já que grande parte da despesa está afeta ao acompanhamento de doenças crónicas, uma consequência do envelhecimento da população.
Mecanismos de pagamento aos prestadores estão a fomentar a eficiência
As alterações introduzidas nos mecanismos de pagamento aos prestadores – remuneração em função do desempenho nos cuidados primários e aplicação de orçamentos previsionais nos cuidados hospitalares – estão a ter influência na eficiência do sistema de saúde, realça o relatório. Incentivos para prestadores de cuidados primários que monitorizem grupos populacionais como mulheres em idade fértil, grávidas e diabéticos ou que coordenem os cuidados prestados e levem a cabo outras atividades, como programas de desabituação do tabaco, são exemplos destas políticas.
Os fatores comportamentais e o envelhecimento da população
O envelhecimento da população portuguesa tem causado um aumento da prevalência de Alzheimer e outras demências – o número de mortes associado a estes problemas quase triplicou em relação a 2000, o que reflete não só o envelhecimento da população mas também a melhoria do diagnóstico e a falta de tratamentos eficazes.
O relatório revela ainda que, em Portugal, um quarto do peso da doença fica a dever-se a fatores comportamentais – em 2015, 26 por cento da carga global de doença em Portugal era atribuível a fatores como o tabagismo, o consumo de álcool, os hábitos alimentares e a inatividade física. Contudo, a percentagem de adultos fumadores tem vindo a diminuir desde 2000. O consumo de álcool também sofreu uma redução. No entanto, o aumento das taxas de obesidade e de inatividade física é um desafio crescente. A taxa de mortalidade associada à diabetes é das mais elevadas da UE.
Consulte o relatório completo em https://ec.europa.eu/health/sites/health/files/state/docs/chp_pt_portuguese.pdf