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24,3 por cento dos doentes que morreram em 2011 em Portugal Continental tinham infeção hospitalar

A percentagem divulgada no relatório Portugal – Controlo de Infeção e Resistências aos Antimicrobianos em números, do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA) – inclui mortes devidas à infeção hospitalar e óbitos para os quais a infeção foi um fator contributivo.
Os dados divulgados pela Direção-Geral de Saúde demonstram que, em 46.733 óbitos ocorridos em 2011 no continente, 11.357 estiveram associados à infeção hospitalar. O relatório do PPCIRA salienta, no entanto, não ser possível conhecer a medida exata de mortalidade associada à infeção hospitalar. Se “num pequeno número de casos” o óbito de pode dever à infeção, noutros “pode não ser a causa mas apenas um fator contributivo para a morte”. Há também situações em que a morte se fica a dever à patologia primária, sendo a presença da infeção irrelevante para o resultado final.
O relatório revela também que Portugal é o país europeu com mais elevada taxa de Staphylococcus aureus resistente à meticilina e está entre os países com taxa mais elevada de Enterococcus faecium resistente à vancomicina, de Escherichia coli resistente às quinolonas e de Acinobacter com resistência extensiva e apenas suscetível à colistina. O consumo hospitalar de antimicrobianos em Portugal parece ser superior à média europeia e apresenta dismorfias, como o excessivo, apesar de decrescente, consumo de quinolonas na comunidade, o elevado consumo hospitalar de carbapenemes, a excessiva duração da profilaxia antibiótica cirúrgica e, provavelmente, a excessiva prescrição e duração da terapêutica antimicrobiana.
No que toca ao tipo de infeção, as infeções associadas a cateter venoso central, as infeções urinárias, as bacteriemias e as pneumonias adquiridas em UCI e UCI neonatais diminuíram, enquanto outras são, de acordo com o relatório, “preocupantemente crescentes”, como a infeção do local cirúrgico, nomeadamente na cirurgia do cólon, da vesícula biliar e da prótese do joelho.
O relatório refere também uma adesão crescente à prática de higiene das mãos, mas ainda insuficiente e heterogénea entre os vários grupos profissionais. De 2009 a 2011, a adesão entre os enfermeiros foi de 43 por cento, seguido dos assistentes operacionais, com 39 por cento, outros profissionais, com 22 por cento, e por fim médicos, com 18 por cento.
Face a estes resultados, os autores do relatório aconselham, entre outras recomendações, a tomada de medidas de redução de consumo de antimicrobianos, evitando o seu uso inadequado através da criação obrigatória de programas de assistência à prescrição antibiótica, quer no setor hospitalar, quer nos cuidados de saúde primários e nos cuidados continuados. É também recomendada a inclusão crescente, nos curricula pré-graduado e pós-graduado de médicos, enfermeiros, veterinários e farmacêuticos, do ensino de “prevenção e controlo de infeção e de resistências aos antimicrobianos”, definindo uma creditação nesta área, pelo menos para médicos e enfermeiros.
Leia o relatório completo aqui.