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Quando a arquitetura hospitalar influencia a cura

Numa entrevista concedida ao portal MEDICA, Benjamin Ebbecke, membro da Sociedade de Arquitetos de Planeamento Hospitalar e Serviços de Saúde, falou sobre “design baseado em evidências” (EBD, na sigla original). Segundo este princípio, a arquitetura do bloco operatório pode ajudar no processo de convalescença do paciente.
Ebbecke parte da EBD para chegar à “medicina baseada em evidências”, ou seja, a aplicação do conceito ao contexto hospitalar. De uma forma simples, trata-se de optar por tratamentos baseados em dados empíricos exaustivos.
Nos anos 70, e tendo por base este conceito, uma equipa de arquitetos norte-americanos desenvolveu uma abordagem para o desenvolvimento de instalações de saúde. Ebbecke salienta que, nos EUA, estas instalações estão situadas em zonas de condições climatéricas extremas, pelo que não faz sentido abrir janelas. Por esta razão, os hospitais, bem como outros edifícios públicos, não dispunham de luz natural em muitas áreas. No entanto, nos anos 70 descobriu-se que a luz natural e, em especial, as alterações de luz durante o dia são importantes para o equilíbrio mental. Entre outros aspetos, o acesso à luz diurna é fulcral na EBD. É por isso que a luz artificial moderna e a tecnologia de iluminação simulam a luz do dia.
Ebbecke salienta que os cuidados prestados devem ser centrados no paciente. O arquiteto interpreta este princípio como parte da própria EBD. Ebbecke prossegue explicando que os pacientes devem ter o menor medo possível enquanto estão no hospital, pelo que o design deve criar um ambiente hospitalar tão familiar quanto possível. A exposição do paciente ao quotidiano normal e ao contacto com a família e amigos é uma parte importante. Isto pode ser conseguido pela criação de condições para a permanência dos familiares nos quartos. Outro aspeto que contribui para a criação de condições de normalidade é permitir ao paciente trabalhar um pouco, de forma a que possa estruturar o seu dia, desde que o seu estado o permita.
Aqui entra também a ideia dos quartos single que, de acordo com Ebbecke, são privados e eficientes. Conceber quartos single reduz a possibilidade de contágio. Além disso, apesar de os quartos single serem maiores, reduzem a necessidade de salas especializadas porque permitem a realização de alguns exames no próprio quarto, uma vez que se cria espaço para a circulação de dispositivos móveis.
O Hospital Universitário de Karolinska, em Estocolmo, é um projeto bandeira que segue o conceito EBD, que tem sido também aplicado na Escócia, Holanda e Escandinávia. Em Estocolmo, está a ser construído um hospital por dois biliões de euros. Todos os quartos são suficientemente grandes para servirem de quartos de emergência.
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